Tenho andado por aí, longe daqui mas (mais) perto de mim. Faltaram-me as palavras mas nunca o pensamento. Perdi a vontade de ser explicita mesmo que ache que mesmo escrevendo quase nunca sou explicita. Faltaram-me as palavras e comprei uns lápis de aguarelas.
Em tempos perdi tudo, deixei tudo num lugar e não consegui trazer o que me pertencia, como se quisesse deixar ali, quem fui. Então comprei uns lápis de aguarelas novos. Pincéis. Papel. Enchi a mala do quotidiano com mais coisas ainda. Deixei de conseguir parar. Cada desenho me fazia sentir mais próxima. Cada desenho era uma forma de sentir-me mais longe estando perto. E isto é como tudo. Uns dias a preto e branco outros cheios de cor e luz. Uns dias mais limpos outros rabiscados, pontilhados, sombreados, molhados, aguarelados... Um dia comprei uns lápis de aguarelas e tudo ficou mais colorido. Um dia fiz um risco e dele um desenho. Um dia faltaram-me as palavras e resolvi comprar uns lápis de aguarelas e comecei a desenhar... e não consegui mais parar.
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