Há 21 anos atrás estava um dia de chuva igual ao de hoje. Saboreei a tua boca pela primeira vez. Ainda hoje me lembro ao que sabia. Eu, tu e a chuva.
Há 4 anos atrás fiz um teste de gravidez, neste mesmo dia, e a partir daí, a minha vida ficou mais bela.
Do nosso beijo regado pela chuva da adolescência nasceu vida.
Eu e o H. falamos muitas vezes sobre a educação do David, dos disparates, do que achamos que podemos melhorar, do que às vezes no tira do sério... Umas vezes discordamos, outras concordamos... tentamos sempre entrar em concenso e encontrar o equilibrio. No entanto, há coisas que só nos apercebemos quando vemos as coisas de outra perpectiva, ou quando alguém tece algum comentário em relação ao David sob outra perpectiva que não a nossa. E este fim-de-semana acabámos os dois babádos e a confessar um ao outro, na varanda, que realmente é um orgulho ter o filho que temos!
Gosto das minhas primas. Gosto de estar com elas. Gosto das mulheres que hoje somos sem nunca termos deixado as crianças que fomos. Gosto desta sensação de presente com sabor a chupa-chupas, a Perna de Pau e a Sugus. Gosto desta sensação de presente com cheiro a pão quente alentejano, bolos feitos pela minha mãe, e lareira no Natal. Gosto desta sensação de presente tão presente de quem realmente sou, de onde vim, quem sempre sonhei ser. Gosto desta sensação de que, tal como quando era criança, tudo ainda é possível, o futuro está em aberto e que os sonhos são possiveis de ser concretizados!
O meu irmão caçula hoje faz 19 anos. Ena pá... parece que foi ontem que lhe mudei a fralda ;)
Quando se está rodeado de crianças o constantar que o tempo passa a correr é mais presente. Seja porque eles todos os dias aprendem uma coisa nova, seja porque fisica e intelectualmente eles evoluem muito rápido. Parece que foi ontem que recebi uma mensagem do meu cunhado a meio da madrugada a dizer que já tinha nascido a Maria Leonor e que estava tudo bem com a mamã e o bebé. Hoje, o raio da cachopa faz 2 anos. Isto quer dizer que mais uns mesitos e o meu pimpolho faz também 2 anos. Até me dá um friozinho na barriga. Só de pensar que qualquer dia já calçam sapatos com um número maior que o meu... e para a Maria Leonor calçar mais que eu não vão ser precisos muitos anos ;)
Todos os anos, por volta desta altura, nós, os primos, e agora com os filhos, reunimo-nos para celebrar o São Martinho e organizar o evento seguinte: a troca de prendas. Este ano foi muito giro. Apesar de não termos conseguido estar todos presentes (nem sempre é fácil), os mais pequeninos estiveram os três juntos. O nosso David (que fez hoje 17 meses), a Lara (com 27 meses) e o Lourenço (com 28 meses). É giro vê-los juntos. O David estava numa excitação (como sempre), sempre a correr de um lado para o outro.
Cresci com os meus primos. Apesar de o tempo nos ter afastado de uma forma saudável, durante muitos anos partilhámos experiencias, brincadeiras, Natais, festas de aniversário, etc. Apesar de tudo, acho que todos fizemos um esforço para que os problemas familiares (nunca relacionados directamente conosco) não nos afastassem e nos manchasse de negro recordações boas que vivemos juntos. Por isso, fazemos os possiveis para estarmos juntos, seja nos aniversários ou em encontros como este da "Castanhada" e da "Troca de prendas". Por tudo isto, também gosto que o David conviva com os primos (em 2º grau).
De chegar a casa e ter os meus dois homens (o grande e o pequenino) à minha espera.
De cozinhar enquanto os dois brincam.
De dar banho ao pequenino com ajuda do pai.
De jantarmos os 3 ao mesmo tempo.
Férias com crianças é COMPLETAMENTE diferente. Não se acorda tarde; não se deita tarde; não se bebe copos; não se janta em qualquer lado nem qualquer coisa; não se vai à praia a qualquer hora do dia; não se vai ao mar sempre que apetece; não se dorme na praia; não se lê livros nem revistas; não se conversa às refeições; não se anda só com uma toalha, carteira e telemóvel. Acorda-se às 8h na melhor das hipóteses; deita-se às 22h/23h na pior das hipóteses; bebe-se café (bastante) e cerveja (pouca); janta-se em casa refeições que não levem muito tempo; se formos jantar fora não podemos voltar a esse restaurante enuanto se lembrarem de nós; praia só até às 10h30 e depois das 17h; no mar só com eles ao colo ou sózinhos num mergulho rápido; não se pode tirar os olhos deles; quando chega a nossa vez de almoçar ou jantar já eles estão com uma birra tamanha para dormir que nem apetece comer, nem beber, nem falar; andamos carregados com tudo o que é extritamente necessário: fralda para a praia, fralda para depois da praia, creme protector factor +50, bolachas, fruta, água, toalhas, toalhitas, baldes, pás, ancinhos, formas, casaquinho caso esteja fresco ao final do dia, fraldinha de pano para as sestas no carro...; Férias com crianças é COMPLETAMENTE diferente... muuuuuuuito cansativo... mas maravilhosamente bem passado.
Não gosto de filhos únicos. Não gosto de filhos únicos, talvez porque tenha crescido com irmãos. O Luis tem menos 17 meses que eu e o Cláudio menos 15 anos. Sou a irmã mais velha. Por isso, tenho por eles um sentimento de protecção quase maternal. Há poucas coisas que me poderiam levar a fazer mal a alguém ou a passar a linha do "correcto". Se alguém fizesse mal a um deles eu era capaz de virar bicho. É tão bom ter alguém com quem brincar, discutir e fazer as pazes a seguir. Porque, apesar dos amigos, o irmão é aquele que nunca nos falha, que nos entende quando ninguém entende. É isso... não ser filho único é ter uma cumplicidade que não se tem com mais niguém e que eu acho maravilhosa. Não ser filho único é, tal como está implícito: não ser único. É haver uma parte de nós no outro e vice-versa. Um irmão é aquela parte de nós que está onde quer que o outro esteja.
... na nossa relação, vamos tentar lembrar que já fomos capazes de montar isto, os dois;)
Não foi fácil. Mas depois sabe tão bem. Agora falta tudo o resto. Deitar fora o que não é preciso, adaptar ainda mais a casa para o David, pintar e remodelar o quarto do David (estou ansiosa por esta parte)... Ter um espaço agradável para estarmos... sós os três, com os amigos e a família.
Existe o hábito de se dizer que só damos valor às coisas e às pessoas quando as perdemos.
Vimos muitas vezes pessoas arrependidas de não terem dito aquela pessoa o quanto gostaram dela em vida.
Por incrivel e pretencioso que pareça, há pessoas das quais me lembro quase todos os dias... é estranho eu sei... mas é a mais pura das verdades.
Por vezes até fico assustada com a forma como estão sempre tão presentes e tão longe fisicamente. Entram nos meus sonhos, ou o quotidiano, mesmo sem eu querer, me remete para elas.
Não sou mulher de grandes palavras, de grandes abraços, de grandes beijos porque não gosto da vulgaridade, da banalidade, gosto de coisas especiais, únicas, originais. Espero que nunca nenhuma dessas pessoas tenha duvidado do quanto foi importante para mim mesmo que a presença dela tenha feito parte de 1 segundo ou 1 ano da minha existência.
E como não sei quando voltarei a ter oportunidade de mostrar ou dizer a estas pessoas o quanto me marcaram, aqui fica aquele abraço, aquele beijo, aquele obrigado:
aos meus irmãos: Luis e Cláudio_aos meus primos: Nelma, Neide, Patricia e Luis_aos amigos de infância (os primeiros)_Silvia, Ana, Sofias, Ivo, Alex, Piu-Piu, Rui, Pedro, Susana, Marinho, Toninho, Nuno_aos colegas de escola: Tânia, Patricia, Joanas, Pisca, Marta, Nuno, Catarina_às auxiliares: Roxana e Guida_aos amigos do Liceu: Susana, João, Marisa, Fifi_aos profs: India, Manuela Faria, Amílcar, Inácia, Álvaro_aos colegas da Mealhada: Bruno, Rodrigo, Sonia, Celeste, Inês, Nuno, Miguel, Rui_aos homens que amei: João, Hugo (Guinho), Ricardo, Hugo (Bicho), Michael (Bé)_aos que conheci através de outros: Carolina, Bruno, Tiago, Nico, Inês, Ana, Cecilia, Pedro, Miguel, Marta, Lara, Carlos_ao pessoal dos concertos: Rute, Cristina, Breaks, Nuno, Pedro, Diogo, Ratão, Rodrigo, Sega, Rui, Susana_aos colegas de trabalho: Mónica, Maria Oliveira, Susana, Fernando, António, Gualter, Gonçalo, Ana, André, Madalena, Pedro, Ofélia, Bárbara, Sónia, Fatinha, Carla, Sandra, Gisela, Paula, Marta, Carla, Carlos, Claúdia, Hugo, Nuno, Rui, Bruno, Paulo, Sónia.
Achamos sempre que a nossa vida não tem nada de emocionante e às vezes até desejamos que ela fosse um pouco como aquelas novelas brasileiras em que tudo acontece! Irmãs gémeas, amantes que são irmãos (essa dispenso.... obrigado), a pobrezinha que casa com o ricaço que é bom todos os dias... nestas novelas há de tudo, para todos os gostos:)
Pois bem, até há 5 anos atrás tinha dois tios e 4 primos da parte do meu pai... até que alguém descobriu que, o meu avô (que já não está cá para se defender) antes de casar com a minha avó estava de tal forma apaixonado, por uma mulher que não a minha avó, que "pimba"... FEZ-LHE UM FILHO (adoro esta frase)
Que excitação, afinal tenho mais um tio, que teve 4 filhos.
Já não tenho só 4 primos... tenho OITO!
QUE NÃO FALAM "PUTO DE PORTUGUÊS".
QUE VIVEM NA FILANDIA... em vez de no Hawai (não troco praia e sol por nada)
E o jantar de primos ontem foi assim: eu a não apanhar nada do que eles falavam, eles a não apanharem nada do que nós diziamos... o que vale é que somos tão palhacinhos quando estamos todos junto que, pelo menos, piada acharam às nossas figurinhas.
Eu e o meu mano, no sábado passado, a caminho da casa de um amigo em Palmela que nos esperava para o almoço / churrasco:
Eu:
- Mas sabes o caminho para casa do Bruno?
Mano:
- Acho que sim... estive lá no ano passado.
Eu:
- No ano passado? Então tu nem te lembras do que comeste ontem? E julgas que já me esqueci daquela viagem a Porto Covo? Andámos feitos parvos à procura de uma placa que insististe que existia e nada... quase não nos deixavam entrar no Parque de Campismo devido às lindas horas a que chegámos...
Mano:
- A placa existe... nós fizemos foi o caminho errado...
Eu:
- Ok...
(passados alguns minutos...)
Mano:
- Estou a conhecer esta estrada.... agora ali à frente há uma estrada de terra batida...
(eu a ver uma série de estradas de terra batida e a ver que ia lanchar sardinhas)
Resumo da história (porque não me quero alongar nem transformar isso num livro), perdemo-nos e tivemos que fazer o caminho todo com o Bruno em alta voz no telemóvel (tipo GPS) a dizer “agora vais encontrar uma estrada assim do teu lado direito... depois do café viras à esquerda...”
Sim... lanchámos sardinhas
No dia Mundial da criança deveria ser possivel comportarmo-nos como tal.
Se fosse possivel, passaria a manhã a ver desenhos animados tomava ao pequeno almoço aquelas carcaças frescas que a minha mãe trazia do minimercado e acompanhava com iogurtes naturais da Yoplait.
O resto dos dia o meu irmão estaria a lixar-me a cabeça e eu a fugir dele pela casa.
Passava a tarde na rua a inventar jogos até chegar a hora do jantar.
Não estaria nunca preocupada com as contas para pagar, com as responsabilidades... e o melhor disto tudo seria o facto de nos permitirem sermos crianças nesse dia e não nos descontarem no ordenado:)
O blog do David
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