Há 21 anos atrás estava um dia de chuva igual ao de hoje. Saboreei a tua boca pela primeira vez. Ainda hoje me lembro ao que sabia. Eu, tu e a chuva.
Há 4 anos atrás fiz um teste de gravidez, neste mesmo dia, e a partir daí, a minha vida ficou mais bela.
Do nosso beijo regado pela chuva da adolescência nasceu vida.
Não gosto de filhos únicos. Não gosto de filhos únicos, talvez porque tenha crescido com irmãos. O Luis tem menos 17 meses que eu e o Cláudio menos 15 anos. Sou a irmã mais velha. Por isso, tenho por eles um sentimento de protecção quase maternal. Há poucas coisas que me poderiam levar a fazer mal a alguém ou a passar a linha do "correcto". Se alguém fizesse mal a um deles eu era capaz de virar bicho. É tão bom ter alguém com quem brincar, discutir e fazer as pazes a seguir. Porque, apesar dos amigos, o irmão é aquele que nunca nos falha, que nos entende quando ninguém entende. É isso... não ser filho único é ter uma cumplicidade que não se tem com mais niguém e que eu acho maravilhosa. Não ser filho único é, tal como está implícito: não ser único. É haver uma parte de nós no outro e vice-versa. Um irmão é aquela parte de nós que está onde quer que o outro esteja.
... na nossa relação, vamos tentar lembrar que já fomos capazes de montar isto, os dois;)
Não foi fácil. Mas depois sabe tão bem. Agora falta tudo o resto. Deitar fora o que não é preciso, adaptar ainda mais a casa para o David, pintar e remodelar o quarto do David (estou ansiosa por esta parte)... Ter um espaço agradável para estarmos... sós os três, com os amigos e a família.
Hoje estava a ouvir o meu colega de trabalho a relatar parte das férias dele com a namorada e deu-me umas saudades destas coisas a dois...
É doer-nos a alma quando choram. É doer-nos o corpo quando estão doentes. É rir das gracinhas. É sentir orgulho a cada conquista deles. É ficar feliz só porque sim. É querer ser melhor. É querer que ele seja melhor. É aprender a ser paciente. É respeitar as nossas diferenças. É abdicar do que não é importante em prol dele. É não deixar que lhe falte o mais importante. É ficar a olhar para ele enquanto dorme porque é uma delícia. É gostar de beijos com bába. É deixar de ter tempo para tudo o que tinhamos. É deixar de fazer tanta coisa que faziamos mas sem qualquer sacrifico. É descobrir que afinal existe um "para sempre". É amar sem limites.
Neste blog e neste
No dia em que nasceu este blog (há três anos atrás) e sem querer muito voltar atrás no tempo e ao mesmo lugar, eu não era esta... esta não era eu. Se pior ou melhor... não sei. Tenho uma certa dificuldade em avaliar as coisas dessa forma tão linear. Pelo menos, o caminho percorrido ao longo destes anos foi-se tornando mais aprazível. Ao início complicado, às vezes doloroso, muitas vezes lento mas, os meus olhos foram vendo coisas que não viam, o meu coração começou a reaprender a sentir coisas boas e os meus braços e o meu corpo ficaram menos pesados... Hoje não tenho dúvidas que este é o caminho certo. Onde me levará? Hoje também isso já não me importa. O estar aqui e não me sentir perdida é o suficiente para ver tudo com outros olhos. Três anos é tão pouco e pode ser tanto. Para mim... foi muito mais que outros tantos anos.
Eu: - Olha lá, se tivesses que me oferecer rosas que cor escolhias? Vermelha de Paixão ou Rosa de Amor?
Ele: - Oferecia-te as duas!!!
(E ofereceu mesmo. Ontem ofereceu-me duas rosas para comemorar o nosso reencontro e a nosssa antiga história de paixão e amor. Adorei. Sempre a somar pontos)
Como uma chuva num dia de sol
O cheiro dele as flores desapareceu
E no ar, o cheiro a terra molhada
E o Amor dele que nunca foi teu.
Sozinha na sombra do dia
Tentas caminhar na escuridão.
Procuras respostas aos teus porquês.
Tentas secar a tua alma em perdão.
Mas a chuva que cai nesse teu corpo
Que o amou sem muito pensar,
Cai como lâminas afiadas
Abre feridas que não sabes como sarar.
Não vês ninguém na rua.
Não encontras onde te abrigar.
Corres à procura dele...
Cais no teu próprio chorar.
Na tua bagagem a sinceridade,
A fé, a amizade e o acreditar
Pesam-te como pedras da calçada
Custa-te tanto caminhar.
Jamais haverá outra Primavera
Igual à que conseguiste imaginar
O cheiro dele a flores desapareceu
E tu procuras onde te encontrar.
Algures um arco-iris virá...
Ou um abraço, ou alguém
Ninguém morre por causa de chuva
Ninguém, mesmo ninguém!
(Que nada te derrube. Que ninguém te faça parar. Desilusões haverão sempre... assim como gente para amar).
Ninguém pode adivinhar o que sentimos, o que queremos, o que desejamos nem o quanto desejamos. Mas tenho para mim, que o amor é como uma porta que, quando aberta para o outro (companheiro/a, namorado/a) e/ou para os outros (amigos), só não entra para ver quem não quer, só não vê quem não quiser, só não (nos) conhece quem não quiser entrar. Entrando por essa porta deixa-se de ser dois e passa-se a ser um. Entrando por essa porta deixa de ser preciso pedir licença para entrar. Entrando por essa porta deixa de ser preciso colocar questões. Entrando por essa porta abrem-se outras tantas. Posto isto, não há para mim, qualquer razão para perguntar-se "- Queres que eu fique?", "- Queres que eu vá?", "- Importas-te?", "- Que presente te dar?", "- Onde te levar hoje?", "- Queres fazer amor?", "- Precisas de ajuda?", "- Estás triste?"... Eu continuo a crer que, quando se ama/nos amam, sabe-se sempre quando ficar; sabe-se sempre quando partir; sabe-se sempre o que magoa, o que faz rir, o que se fazer e onde ir; sabe-se sempre o que agrada e como agradar. O amor não precisa de palavras nem de pontos de interrogação a partir do momento em que abrimos/nos abrem a porta. Amar/amarem-nos é conhecer/conhecerem-nos e, é como tudo na vida, exige atenção, aprendizagem, experiência, dedicação.... e as respostas vão surgindo... deixando de ser preciso voltar a perguntar ("- Posso entrar?")!!!
Hoje, enquanto almoçava com um amigo de longa data e enquanto ele falava da namorada, eu revia-me nela. Sem a conhecer, eu quase poderia dizer que a compreendo. Mas ao mesmo tempo que o ouvia, percebi que aquilo que somos/sou, as nossas atitudes, as nossas acções e não accções, as nossas defesas e refúgios, os nossos medos e inseguranças, com as quais aprendemos a viver durante tanto tempo, são tão óbvios para nós e tão (compreensivelmente) incompreensiveis para os outros.
Num post anterior eu escrevia que, com o tempo nós não ganhamos experência nem sabedoria, mas defesas, rugas, mágoas... e desaprendemos o que é o amor e as coisas simples da vida tal como uma criança as vê... simples. Nós com o tempo, só complicamos. Não intencionalmente. Mas cada vez temos mais medo de falhar onde outrora falhámos por simplicidade. E parece que temos de aprender tudo de novo (que não é nada fáci), temos de aprender a escrever, a falar, a sentir, a amar como se fosse a primeira vez. Temos de conseguir mudar de pele, limpar a alma, cuspir fantasmas, dor, sofrimento, angústia que tão bem guardámos na tentativa de não mais voltar a sentir/passar pelo mesmo. Tudo isto parece fácil quando lidamos sozinhos com aquilo em que nos tornámos. Já não se pode dizer o mesmo quando queremos partilhar a nossa vida com alguém. Tal como a palavra ("partilhar") diz, temos de ser capazes de dividir, repartir, o melhor e o pior de nós com alguém que estimamos e com a qual queremos construir algo NOVO. Mas ninguém gosta de partilhar o pior de si. Ninguém gosta de falar do pior de si. Ninguém gosta de lembrar o que foi, o que perdeu, quem magoou, porque chorou, porque sofreu. Mas se eu algum dia achei que o facto de não falar sobre isso seria uma forma de proteger quem amo... hoje já acho que é muito difícil manter uma relação anos e anos, sem darmos a conhecer quem fomos, somos e o que pretendemos ser (sempre melhor) numa vida futura ao lado de quem amamos.
Não é fácil, eu que o diga, é preciso paciência, amizade, respeito e acima de tudo... AMOR!!!
Existe o hábito de se dizer que só damos valor às coisas e às pessoas quando as perdemos.
Vimos muitas vezes pessoas arrependidas de não terem dito aquela pessoa o quanto gostaram dela em vida.
Por incrivel e pretencioso que pareça, há pessoas das quais me lembro quase todos os dias... é estranho eu sei... mas é a mais pura das verdades.
Por vezes até fico assustada com a forma como estão sempre tão presentes e tão longe fisicamente. Entram nos meus sonhos, ou o quotidiano, mesmo sem eu querer, me remete para elas.
Não sou mulher de grandes palavras, de grandes abraços, de grandes beijos porque não gosto da vulgaridade, da banalidade, gosto de coisas especiais, únicas, originais. Espero que nunca nenhuma dessas pessoas tenha duvidado do quanto foi importante para mim mesmo que a presença dela tenha feito parte de 1 segundo ou 1 ano da minha existência.
E como não sei quando voltarei a ter oportunidade de mostrar ou dizer a estas pessoas o quanto me marcaram, aqui fica aquele abraço, aquele beijo, aquele obrigado:
aos meus irmãos: Luis e Cláudio_aos meus primos: Nelma, Neide, Patricia e Luis_aos amigos de infância (os primeiros)_Silvia, Ana, Sofias, Ivo, Alex, Piu-Piu, Rui, Pedro, Susana, Marinho, Toninho, Nuno_aos colegas de escola: Tânia, Patricia, Joanas, Pisca, Marta, Nuno, Catarina_às auxiliares: Roxana e Guida_aos amigos do Liceu: Susana, João, Marisa, Fifi_aos profs: India, Manuela Faria, Amílcar, Inácia, Álvaro_aos colegas da Mealhada: Bruno, Rodrigo, Sonia, Celeste, Inês, Nuno, Miguel, Rui_aos homens que amei: João, Hugo (Guinho), Ricardo, Hugo (Bicho), Michael (Bé)_aos que conheci através de outros: Carolina, Bruno, Tiago, Nico, Inês, Ana, Cecilia, Pedro, Miguel, Marta, Lara, Carlos_ao pessoal dos concertos: Rute, Cristina, Breaks, Nuno, Pedro, Diogo, Ratão, Rodrigo, Sega, Rui, Susana_aos colegas de trabalho: Mónica, Maria Oliveira, Susana, Fernando, António, Gualter, Gonçalo, Ana, André, Madalena, Pedro, Ofélia, Bárbara, Sónia, Fatinha, Carla, Sandra, Gisela, Paula, Marta, Carla, Carlos, Claúdia, Hugo, Nuno, Rui, Bruno, Paulo, Sónia.
Há perguntas para as quais uma resposta de “sim” ou “não” não é suficiente.
As pessoas têm uma coisa que me deixa louca... limitam os significados das palavras e dão-lhes sempre a conotação mais negativa. Não sei se faz parte desta forma de pensar (que dizem que é de tuga) mas a tendência é a de reduzir ao máximo os siginificados e exaltar o pior de todos os sinónimos da palavra.
Pior ainda é quando atribuiem a uma palavra, por iniciativa própria, outros significados.
Sempre que me perguntam se sou romântica, primeiro respiro fundo, depois coloco um sorriso irónico e em jeito de piada respondo:
- Romântica sim, lamechas não!
E para que não fiquem mais dúvidas: Romântico: relativo a romance;poético;idílico;relativo a romantismo / Lamecha: bajoujo (baboso; palerma);apaixonado;
namorador ridículo.
Há um limite muito pequeno entre a sanidade e a loucura, entre o amor e o ódio... entre o romantismo e a lamechice.
Já tive quem me oferecesse flores, quem me dedicasse uma música num concerto, quem me me escrevesse uma carta, quem me fizesse um desenho, quem me dissesse palavras bonitas e sinceras sem que esses gestos ou palavras caiessem na vulgaridade e no ridículo.
Há que não cair na vulgaridade e no ridículo.
A vantagem da idade é que, mais do que sabermos o que queremos, sabemos o que não queremos. E se é sabido que, se não colocarmos fermento num bolo ele poderá não crescer e se colocarmos é quase certo que crescerá; uma relação poderá resultar com falta de alguns ingredientes mas, para mim, se não lhe juntarmos humor, é mais que certo que não vai resultar.
Um homem que não saiba rir, fazer-me rir, rir comigo ou rir das minhas piadas... quase de certeza que não terá lugar dentro de uma relação com "je".
Se tentei? Ó se já tentei... É o mesmo que falar para um chinês... e se não há comunicação não há relação.
Rir é o melhor remédio, rir faz bem, rir é ingrediente indespensável para o bolo da vida!
O blog do David
Blogs que leio