Há coisas que, por mais documentadas que já estejam em livros, blogs, cartazes dos Centros de Saúde, por mais filhos que tenhamos e gritemos ao mundo... só poderiam ser entendidas pelos homens se eles um dia nascessem mulheres e... ficassem grávidos. Frases como - ah e tal ultimamente andas tão irritada.... ou - Agora ninguém te pode dizer nada! ou ainda - Ultimamente parece que andas sempre enjoada! ... juro que este vai ser o único post (deste blog) a falar disto. Não tenho jeito nem paciência para repitições por isso, se houver algum homem a ler(-me) neste momento, faça favor de tirar notas, sublinhá-las e colocá-las num sitio sempre à mão... tenham ou não, neste momento das vossas vidas, uma grávida por perto. Entendido?
Então, vamos por partes:
1) Quanto à (minha) irritação: Eis que é verdade, não posso negar. Mas quem, homem ou mulher, poderá andar calma(o) com + 10 quilos (na melhor das hipóteses) concentrados (na maior parte) na zona do abdomen? Parece fácil não é? Afinal de contas um abdomen grande que diferença poderá fazer? Os homens deviam nascer mulheres... e ficarem grávidos durante 9 meses... e, com um abdomen daqueles que já não dá para ver o que existe entre as pernas, cortarem as unhas dos próprios pés (pintá-las já seria um luxo); calçar todas as manhãs qualquer coisa que não fossem chinelos nem sabrinas, conduzir por estas estradas esburacadas e cheias de lombas; fazer análises de 3 em 3 meses e algumas que implicam cotonetes em zonas que nem vos passa pela cabeça para detectarem bactérias prejudiciais ao bebé; apanhar qualquer coisa que caia ao chão também é surreal (como é que uma tarefa tão simples se torna o maior dos pesadelos); ir às compras e ficarem em filas tão grandes como as prioritárias para grávidas, pessoas com crianças ao colo e/ou pessoas com mobilidade reduzidad, sem que exista qualquer pessoa com estas caracteristicas nem ninguém responsável que chame a atenção; Todas as pessoas (mesmo as que não queiras e algumas que nem gostam de ti), te querem mexer na barriga e mandar bitaites e, por aí fora. Um rol de coisas que irritam uma grávida só porque está grávida.
2) Quanto ao facto de NINGUÈM (me) puder dizer nada: convenhamos, há muita coisa que se diz a uma grávida que tem um impacto avassalador devido às hormonas mas também, vamos ser sinceros, há muita coisa que podia bem ficar por dizer/perguntar a uma grávida. Coisas como: - Está quase não?; - Essa barriga já está muito grande!; - Quantos quilos já engordaste?; - Ah, comes fiambre? És imune à toxoplasmose?; - Segundo filho? Que corajosa!; Ainda consegues dormir a noite toda?; - Uma menina? Que giro. Era o que querias não era? Uma vez que já tens um menino!; - Agora que a familia vai crescer, vais mudar de casa certo?; - Com essa roupa nota-se mesmo a barriga.; - Estás com uma mamas maiores do que da gravidez do David!, - Vais amamentar? E podia ficar aqui o dia todo. Mas não me apetece!
3) Quanto ao facto de parecer(mos) sempre enjoada: Não é parecer, é mesmo enjoada. Infelizmente eu até dispensava esta, mais do que a irritação ou não puder ouvir nada do que me dizem, eu dispensava a parte da enjoadinha. Porque, eu gosto de comer, gosto de não ter que me privar de certas "facadinhas", gosto de um bom jantar com vinho, conversas pela noite fora e cigarradas e portanto, imaginem vocês o que seria não puderem beber as vossas jolas e fumar os vossos charutos aquando um jogo de futebol da vossa equipa preferida, estarem com azia na maior parte dos meses, vomitarem quando comem e não comem durante o primeiro trimestre, estarem sempre com vontade de fazer chichi, ficarem com prisão de ventre no 3º trimestre e ainda puderem ganharem de bónus uma bela hemorroida, não suportarem cheiros de coisas, pessoas e determinados alimentos. É pensar que mais valia ficarmos fechadas num buraco durante 9 meses. Pois que os homens deviam nascer mulheres... pelo menos uma vez na vida com direito a ficarem grávidos. E eu tenho a certeza que ficariam ainda mais insuportavés, mais irritados e muito mais enjoados do que nós. Ah, isto tudo sem falarmos na "cereja no topo do bolo": o parto (e pós-parto). Mas disso não vou falar agora. É assunto delicado e eu não quero nenhum homem a desmaiar. Fica para um outro post... prometo!
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