Eu e o H. falamos muitas vezes sobre a educação do David, dos disparates, do que achamos que podemos melhorar, do que às vezes no tira do sério... Umas vezes discordamos, outras concordamos... tentamos sempre entrar em concenso e encontrar o equilibrio. No entanto, há coisas que só nos apercebemos quando vemos as coisas de outra perpectiva, ou quando alguém tece algum comentário em relação ao David sob outra perpectiva que não a nossa. E este fim-de-semana acabámos os dois babádos e a confessar um ao outro, na varanda, que realmente é um orgulho ter o filho que temos!
Ser menos vaga e menos dramática.
Redescrevendo o post anterior:
Hoje, uma colega de trabalho teceu um comentário sobre a nota que tive na minha Avaliação e Desempenho alegando que não era justa e que era muito acima do merecido. Disse ainda que, a mesma só foi atribuida, porque a cada departamento seria obrigatório a atribuição de pelo menos um 5 e como tal, a minha nota nada tinha a ver com profissionalismo. O que ela disse não mudou o facto de eu ter achado justo (com base na justificação que me foi dada na reunião e que eu pude contestar e reforçar) mas achei que seria algo que eu nunca diria a quem quer que fosse... importante ou não na minha vida, amigo ou simplesmente colega de trabalho. É isto, poderia ter dito algo semelhante a esta pessoa mas... sinceramente... achei que não valia a pena. Eu continuo a achar (e quero acreditar) que foi justa no meio do injusto que foram os 12 meses anteriores... e disso... só eu sei o que passei.
Dizer o que penso... a quem realmente importa. Algumas das situações na minha vida não ficaram resolvidas da melhor maneira por não ter dito, efectivamente, o que sentia ou pensava. Sempre tive alguma dificuldade em aceitar que o meu ponto de vista é relevante para que o outro perceba que foi incoveniente, magoou ou foi injusto. Que interessa isso? A minha realidade é diferente da realidade do outro e longe de mim acreditar que isso terá algum impacto positivo no outro. No entanto, interessa a quem nos interessa. Obviamente, que há pessoas na nossa vida, para as quais isso pode fazer alguma diferença. Quando gostamos e sabemos que o outro gosta... quando o outro é importante e pretendemos que permaneça na nossa vida... é importante não ficar nada por dizer para que a relação seja saudável e verdadeira. Nunca gostei de pessoas incovenientes, que dizem o que pensam sem pensar no impacto que poderão ter os seus comentários. Eu também digo coisas sem pensar... às pessoas de quem mais gosto, por isso também peço desculpa quando erro porque não quero perde-las. Mas a quem não me diz nada... a essas, não tenciono dizer o que penso, não pretendo se quer que elas saiam do lugar(zinho) delas nem fazê-las ver que não foram agradáveis, pura e simplesmente, porque me é fácil afastar e não fazer questão de as ter na minha vida. Elas não acrescentam nada à minha vida. Se me sentiria mais aliviada por dizer o que penso a TODAS as pessoas? Não... essas pessoas não me enchem de coisas boas... logo, não há nada para aliviar. Não subestimar pessoas é muito importante mas... não sobrevalorizar outras tantas também;)
Bolas... ando com tanta vontade de ter um iphone.
É que, pensando bem, o bicho tem uma série de ferramentas que me dariam muito jeito.
(e não, não seria para jogar candy crush)
Há muito que penso nisto de mudar de vida. Há muito que penso no quanto eu gostaria de fazer algo que me desse realmente prazer e pudesse viver disso. Há muito que ponho em causa a forma competente e perfecionista que vivo para o meu trabalho por muito que ele não me dê o prazer que eu gostaria de retirar dele. Acho que mesmo que varresse ruas eu seria tão exigente comigo própria como sou em tudo porque... porque sim. Porque só assim faz sentido para mim. Mal ou bem é desta forma que eu vejo e sinto as coisas. Dar sempre 200% é meia forma de realização pessoal. Mas depois há o outro lado da moeda. Porquê fazê-lo se não há 200% de prazer daí retirado? Então, há muito que penso o quanto eu seria realizada se juntasse esta minha postura a algo que me desse realmente prazer. Mas houve sempre o medo. O medo de arriscar trocar o garantido e certo (ao final do mês) por algo incerto. A verdade é que, tudo muda quando nos tornamos mães. E este, é sem dúvida, o maior desafio de todos. Aquele que nunca vemos terminado é certo, mas também aquele do qual não pudemos nem queremos desistir, deixar a meio, fazer mais ou menos. Aquele que, mesmo não correndo como planeado/idealizado, se contorna e se arranja forma de ultrapassar com as forças que desconheciamos ter. Então se somos capazes do maior desafio por eles, não seremos capazes de um por nós para eles? Por enquanto não passam de ideias na cabeça e no papel, mas que, espero conseguir levar avante e quem sabe... daqui a uns meses apareço aqui e... tcharam... anuncio que mudei de vida;)
... dizem. Mas uma segunda oportunidade é meio caminho andado para não se cair nos mesmos erros. Haverão outros certamente.
O meu amor pelo David é incontestável. No entanto, a partir do momento que soube que estava grávida foi um turbiulhão de emoções, muitas delas, mais destrutivas que construtivas. Foi uma ansiedade, uma enxurrada de dúvidas e "mas" que não me permitiram estar, aquando o nascimento, o suficientemente confiante para viver aquele momento maravilhoso em pleno. Ainda hoje não sei se o facto do David acordar várias vezes durante a noite, quase até aos 3 anos, era uma coisa natural com a qual não soube lidar de forma saudável ou se a instabilidade dele era consequência do meu cansaço originário da privação do sono. Como se de um circulo vicioso se tratasse. Quis erradamente ser tão competente como mãe como me imponho ser num qualquer trabalho ou tarefa que me deleguem. Achei erradamente que rotinas não podem nem devem ser quebradas NUNCA. Não pedi estupidamente ajuda quando deveria ter pedido. E, apesar das maravilhas e das memórias boas que tenho e registo no blog do David, o saldo era sempre igual a um cansaço do qual só restavam forças e ânimo para o bébé. Não me restava mais nada para dar a mim ou aos outros mas, principlamente a mim e... (isto que vou escrever nunca o disse a ninguém) fui-me arrastando com forças que nem eu própria conhecia para criar uma criança feliz. O David é extremamente feliz. Não tenho e não tenham dúvidas. Apesar do cansaço eu nunca deixei de rir, brincar, sair, fazer palhaçadas... O meu corpo é que ainda está(va) a recuperar de noites de sono de poucas horas, interrompidas contantemente. Um mês depois do David começar a dormir noites seguidas, começo a desconfiar dos sinais do meu corpo negando compulsivamente o que um teste de gravidez veio comprovar: outro bebé vem a caminho.
Curioso, ao contrário da gravidez do David, durante as primeiras semanas andei um pouco como que anestesiada. Até à primeira consulta, vivi sem ansiedade e sem pressa a constantação mais visivel de um feijãozinho a crescer com um coração a bater. Da primeira gravidez convenci-me que era uma menina que carregava no ventre e quando a médica me disse ser um menino fiquei... Por incrivel que pareça, e ao contrário dos outros, não tenho urgência nenhuma em saber o sexo deste bébé. Cada dia é um dia e quero vivê-lo calmamente. Talvez a sabedoria que trago da vivência anterior me dê mais serenidade, confiança e segurança para lidar com o menos agradável de um pós-parto. Assim espero. E apesar de estar a ser tudo diferente até agora e de não duvidar que vai ser maravilhoso viver um amor em dobro, tenho a certeza que... Não há amor como o primeiro...
É urgente rir mais.
Rir de mim.
Rir dos outros.
Rir com os outros.
Rir para os outros.
É urgente rir mais.
... para relembrar quem sou:
Gosto de dias assim, de céu azul; preciso da praia no Verão, no Inverno, em qualquer estação do ano; delicio-me com figos e diospiros; aprecio plantas em casa, árvores milenares, flores pequeninas e coloridas, o cheiro a terra molhada, sentir a chuva no rosto e o sol no corpo; procuro o silêncio; fascinam-me olhares profundos e que falam; tiram-me do sério os sorrisos e as gargalhadas com lágrimas; não resisto a abraços sinceros; derreto-me com mãos nas mãos; perco a cabeça com beijos apaixonados, roubados, molhados; não esqueço o sabor dos gelados do Santini’s e o cheiro dos bolos da minha mãe; refugio-me no CCB ao final da tarde; vou ao cinema sozinha e acompanhada; interesso-me por coisas antigas, com histórias para contar, adivinhar; reparo em sardas; seduz-me vinho tinto à luz das velas; perco a noção do tempo com conversas interessantes; aventuro-me em viagens por terras nunca faladas; vejo com prazer fotografias de infância; não resisto a castanhas assadas ou cozidas, azeitonas, queijo Brie, pão alentejano quente com manteiga, gomas e bacalhau (de qualquer maneira);...
Aceitar-me a mim e aos outros como falíveis.
No meio destes meus 35 anos, com um filho de 3 anos acabados de fazer e à espera de outro bebé com, neste momento 16 semanas de vida, precisei sentar-me, pensar, e chegar à conclusão de que, mais do que já mudou a minha vida naturalmente, eu vou ter de mudar mais ainda e impor-me objectivos para que a vida seja mais... leve. Não sei se a palavra leve é a mais indicada mas, é assim que me sinto há pelo menos 3 anos. Pesada, cansada, exausta, sem espaço para o EU. Ser mãe tem coisas deliciosas, tão boas que nem nos lembramos das outras que necessitamos para sermos mais Mulheres para além de só mães. O tempo voa tão depressa que parece não haver espaço para mais do que tratar deles, alimentá-los, dar-lhes banho, levá-los ao parque, à natação, brincar, tratar da roupa, da casa, etc... e a juntar a isto, mais de 8 horas do dia a trabalhar fora de casa. Deixei de conseguir ver-me ao espelho, ver-me com olhos de ver. Deixei de sentir-me para além de mãe. Deixei de ver a namorada, a amiga, aquela que gosta e precisa dos seus livros, da sua escrita, de deambular pela rua sozinha, de ficar a olhar o mar, de fotografar, de desenhar, de dançar, de não pensar em nada, de não ouvir ninguém a não ser os sons do que me rodeia. Medo de que abraçar tudo o que me "pertence" seja egoísmo e sinónimo de falhar como mãe. Culpa, por poder estar a abdicar de tempo precioso com e para o(s) meu(s) filho(s). Uma culpa estúpida, talvez. Mas que me pesa como só eu sei. Trabalhar isto não vai ser nada fácil. Há coisas em nós que estão tão intríssecas que arrancá-las de nós deve ser mais doloroso que uma depilação completa a cêra. Mas preciso encontrar-me, nem que para isso eu precise de acreditar, inicialmente, que o estou a fazer para bem dos meus filhos. Afinal de contas... eu acredito que ter uma mãe feliz e leve deve fazer uma grande diferença para se crescer (feliz).
O blog do David
Blogs que leio