Ninguém pode adivinhar o que sentimos, o que queremos, o que desejamos nem o quanto desejamos. Mas tenho para mim, que o amor é como uma porta que, quando aberta para o outro (companheiro/a, namorado/a) e/ou para os outros (amigos), só não entra para ver quem não quer, só não vê quem não quiser, só não (nos) conhece quem não quiser entrar. Entrando por essa porta deixa-se de ser dois e passa-se a ser um. Entrando por essa porta deixa de ser preciso pedir licença para entrar. Entrando por essa porta deixa de ser preciso colocar questões. Entrando por essa porta abrem-se outras tantas. Posto isto, não há para mim, qualquer razão para perguntar-se "- Queres que eu fique?", "- Queres que eu vá?", "- Importas-te?", "- Que presente te dar?", "- Onde te levar hoje?", "- Queres fazer amor?", "- Precisas de ajuda?", "- Estás triste?"... Eu continuo a crer que, quando se ama/nos amam, sabe-se sempre quando ficar; sabe-se sempre quando partir; sabe-se sempre o que magoa, o que faz rir, o que se fazer e onde ir; sabe-se sempre o que agrada e como agradar. O amor não precisa de palavras nem de pontos de interrogação a partir do momento em que abrimos/nos abrem a porta. Amar/amarem-nos é conhecer/conhecerem-nos e, é como tudo na vida, exige atenção, aprendizagem, experiência, dedicação.... e as respostas vão surgindo... deixando de ser preciso voltar a perguntar ("- Posso entrar?")!!!
Hoje, enquanto almoçava com um amigo de longa data e enquanto ele falava da namorada, eu revia-me nela. Sem a conhecer, eu quase poderia dizer que a compreendo. Mas ao mesmo tempo que o ouvia, percebi que aquilo que somos/sou, as nossas atitudes, as nossas acções e não accções, as nossas defesas e refúgios, os nossos medos e inseguranças, com as quais aprendemos a viver durante tanto tempo, são tão óbvios para nós e tão (compreensivelmente) incompreensiveis para os outros.
Num post anterior eu escrevia que, com o tempo nós não ganhamos experência nem sabedoria, mas defesas, rugas, mágoas... e desaprendemos o que é o amor e as coisas simples da vida tal como uma criança as vê... simples. Nós com o tempo, só complicamos. Não intencionalmente. Mas cada vez temos mais medo de falhar onde outrora falhámos por simplicidade. E parece que temos de aprender tudo de novo (que não é nada fáci), temos de aprender a escrever, a falar, a sentir, a amar como se fosse a primeira vez. Temos de conseguir mudar de pele, limpar a alma, cuspir fantasmas, dor, sofrimento, angústia que tão bem guardámos na tentativa de não mais voltar a sentir/passar pelo mesmo. Tudo isto parece fácil quando lidamos sozinhos com aquilo em que nos tornámos. Já não se pode dizer o mesmo quando queremos partilhar a nossa vida com alguém. Tal como a palavra ("partilhar") diz, temos de ser capazes de dividir, repartir, o melhor e o pior de nós com alguém que estimamos e com a qual queremos construir algo NOVO. Mas ninguém gosta de partilhar o pior de si. Ninguém gosta de falar do pior de si. Ninguém gosta de lembrar o que foi, o que perdeu, quem magoou, porque chorou, porque sofreu. Mas se eu algum dia achei que o facto de não falar sobre isso seria uma forma de proteger quem amo... hoje já acho que é muito difícil manter uma relação anos e anos, sem darmos a conhecer quem fomos, somos e o que pretendemos ser (sempre melhor) numa vida futura ao lado de quem amamos.
Não é fácil, eu que o diga, é preciso paciência, amizade, respeito e acima de tudo... AMOR!!!
Há quem precise de UM, DOIS ou TRÊS motivos e/ou pretextos para estar com os amigos.
Eu acho que não deveria de haver NENHUM (em especial) para se estar com quem se gosta!!!
Este ano o dia dos Namorados e o Carnaval misturam-se. Não que eu ligue a algum destes dias. É-me indiferente. Mas os meu pais quando casaram, há mais de trinta anos, não sabiam que iriam ficar com o dia do casamento deles registado no calendário como o dia de S. Valentim. Mas até tem a sua piada!
Em conversa no outro dia com a minha mãe ela dizia:
mãe: - Olha, este ano vou mascarar-me a namorada ahahahah.
eu: - Olha, podes misturar os dois dias e arranjar um disfarce engraçado. Por exemplo a coelhinha.
(coisas que uma filha atira assim para o ar, sem se quer imaginar que pegue)
Hoje a minha mãe liga-me de manhã, eu ainda ensonada e ela do outro lado do telemóvel diz:
mãe: - Bom dia filha. Estou aqui na loja e só encontro orelhas!
eu: - Hã. Não percebi.
mãe: - Só encontro as orelhas de coelhinha. Não consigo encontrar "ponpon"
E por esta é que eu não esperava!!!
Naturalmente nunca fui de grandes sorrisos. Não porque a vida me tenha corrido assim tão mal mas porque... sei lá... sou assim, tenho expressão de "zangada com o Mundo" e quando estou mesmo zangada... ainda é pior. Mas sei lá. Olha, porque é que tenho só 1,60 cm?
Mas gosto de fazer rir e adoro rir. Quem me conhece e já me viu sem ser "zangada com o mundo" sabe disso. Quem eu amo, ou quase todas as pessoas que eu amo, também com pouco me fazem rir. Quem me vê pensa-me gélida. Quem me olha sabe-me fazer sorrir. É essa a diferença! Tão pouca! Tão ali ao lado que até faz confusão. Mais fácil fazer-me rir que chorar, garanto. E o segredo é tão simples que até acho estranho alguns não descobrirem. Jamais serei de risos forçados, amarelos, só para agradar. JAMAIS! Mas já me fizeram rir depois das lágrimas!
Hoje foi/é uma daqueles dias em que me falta(m) essas pessoas que tão bem me conhecem e que eu tenho a certeza que naturalmente conseguiriam arrancar de mim um só(rriso).
Somos uns previlegiados(?)! Podemos vasculhar fotos e perfiis dos nossos amigos através do Hi5 e Facebook, podemos convidá-los, negá-los, receber mensagens e até falar on-line com eles.
Somos uns previlegiados(?)! Temos telemóveis ligados 24 horas do dia, desligá-los quando não queremos falar com ninguém, enviar mensagens e até atendermos só se nos apetecer.
Somos uns previlegiados(?)! Podemos mandar mensagens de Parabéns, de Boas Festas (originais ou não) sem termos que ir aos CTT comprar um sêlo.
E com a desculpa do tempo, passamos a viver (cada vez mais e só) de memórias, fotos, contactos telefónicos e endereços de e-mail mas, já não sabemos como é abraçar aquela pessoa, estar com ela horas a fio numa conversa, num desafabo, na simples palhaçada, olhos nos olhos. Perdemos-lhe o cheiro, esquecemos como é o sorriso, os tiques e até mesmo aqueles defeitos tão característicos.
Desculpamo-nos com o tempo, o trabalho, os filhos, a namorada, o namorado, a mulher, o marido, a geografia, o dinheiro, etc.
Somos uns previlegiados... de merda... porque somos capazes de passar horas na net à procura de uma pessoa que já não vemos há muito tempo e que para nós foi e/ou é especial, mas não temos tempo para o melhor e o mais simples da vida... como um abraço!!!
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