Uma criança, acompanhada pelos avós, na praia debaixo de uma arriba. Os três testam a sorte ou a fama, depois das notícias e comentários arrepiantes sobre a tragédia na praia algarvia. Ela, a avó, na casa dos sessenta anos, tem um fato-de-banho lilás que esconde mal o excesso de peso, o cabelo mal-tratado pelos anos e sentada numa cadeira de praia, de pernas abertas, bebe cervejas de garrafa (pressuponho que haverão mais naquela geleira enorme), que depois de vazias, o neto enche com areia na tentativa de quebrar a monotonia. Ele, o avô, também na casa dos sessenta anos, tem uma cana de pesca... a única forma de pescar mais um pouco de paciência e estômago para aguentar cada vez que ela tira a dentadura da boca e fica a olhar para ela.
Na outra mesa da esplanada ela esconde as lágrimas por detrás dos óculos de sol. Ele pousa as mãos na mesa à espera das dela e sem resposta cruza os braços e coloca os olhos no chão. Tenta várias vezes repetir o gesto da procura das mãos dela sem resposta. Só duas chávenas de café já vazias poderiam contar o que se fala na outra mesa da esplanada.
Hoje era um bom dia para chegar a casa, descalçar-me, vestir a peça de roupa mais confortável, não fazer jantar, picar qualquer coisa, deitar-me no sofá, abrir um livro, ligar a minha música e ficar só comigo. Mas, tendo em conta que, amanhã às 19 horas entro de férias e ainda tenho algum trabalho por organizar, vou passar mais umas horas frente ao portátil e, por volta das 23.30h, vou buscar uma amiga minha ao trabalho... que eu sei como custa sair tarde do trabalho, apanhar transportes e acordar cedo no dia seguinte; porque gosto dela; porque posso... perfeitamente abdicar, mais um dia, do meu egoísmo ;)
Não houve um dia desta semana que passou que tivesse dormido bem. Ontem bebi um copo com uma amiga para desanuviar e deitei-me por volta das 2 da manhã. São 7.40 e não consigo dormir.
... as palavras saiem. Nem sempre as palavras têm o tom certo. Nem sempre elas são transparentes como gostariamps que fossem. Nem sempre as palavras são o melhor modo de dizer o que sentimos. Nem sempre há palavras para descrever sentimentos. Quase sempre escolhemos as palavras erradas... O silêncio como opção, permite não nos engarnarmos nem engarmos os outros, O silêncio é o escape ilusório, rápido e eficaz, que não permite dar forma aos sentimentos mais dolorosos. Nem sempre se quer falar do que doi... quando se sabe que nada vai mudar o que durante anos não transfomamos em palavras. Nem sempre se quer partilhar a dor quando se ama e quando a dor foi durante anos maior que o amor. Nem sempre sabemos se um dia passa. Nem sempre sabemos porque entra o silêncio pela porta e nos deixa mudos de dor... mas a única coisa que queremos é que há-ja sempre alguém que feche essa porta, nos faça rir, nos faça voltar ao presente, nos faça encontrar palavras... de amor.
... tivesse tentado mais uma vez; Se tivesse arriscado mais um beijo; Se tivesse dado mais um abraço; Se tivesse pedido mais desculpas mesmo quando não havia culpa; Se tivesse ficado mais uma vez; Se tivesse corrido mais uma vez atrás; Se tivesse ligado mais dias; Se tivesse sorrido mais; Se tivesse falado mais; Se nunca mais tivesse partido; Se tivesse ficado mais tempo; Se... eu podia mais uma vez... tu também podias mais!!!
Naquelas alturas do mês em que sem percebermos ficamos mais sensiveis, mais cabisbaixas e só nos apetece chorar à minima coisa... um homem reclama... Uma mulher olha para nós, ouve-nos e depois diz:
- Está para te vir o periodo não é? Deixa lá... Eu também fico assim.
(prepara uma amendoa amarga com bastante gelo e limão - como gostamos - e com tão pouco faz muito :)
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