Não se fala porque nos doi. Não se chora porque temos de falar. Guardamos na tentativa de esquecer. Esquecemos na tentativa de apagar. Não temos como fugir. Podemos sempre começar de novo(?), podemos sempre tentar mudar, podemos sempre tentar ser outra coisa, podemos sempre disfarçar, podemos sempre arranjar uma âncora... mas não se consegue nunca apagar.
Livros
Porque é um dos meu refúgios. Porque é onde mergulho quando quero estar só e ao mesmo tempo acompanhada. Porque é onde me escondo quando quero apenas ser espectadora. Porque me permite intervir só quando eu quiser. Porque sou eu que pinto o espaço e dou cara às personagens. Porque me faz viajar sem sair do lugar. Porque conheço lugares diferentes, pessoas diferentes, histórias de vida diferentes, palavras diferentes, sentimentos diferentes... Porque permite organizar o pensamento e (re)escrever a nossa história... porque no fundo todos nós somos um livro... aberto ou fechado mas um livro.
É como qualquer ingrediente, tem de existir na quantidade q.b.. Em excesso destroi qualquer receita por mais perfeita que seja. Se não existir o mínimo do mesmo... não há como retirar o devido prazer da coisa ou momento. Enganam-se os que julgam que só conseguem algo se o possuirem e nunca abdicarem dele. Infelizes os que nunca tiveram pitada dele para se deleitarem. Solitários os que nunca o souberam partilhar ou ceder. Vazios de amor os que sempre o utilizaram como meio para atingir um coração.
Quando as coisas que gostamos de fazer nos dão mais dores de cabeça do que prazer... há que saltar fora.
My Bluberry Nights
Se um dia houve amizade... haverá sempre lugar para o amor. Se um dia houve amor... haverá sempre lugar para a amizade. Se um dia houve paixão e esta acabou ou não foi correspondida... (mesmo que já tenha existido amor e/ou amizade antes)... nunca mais haverá lugar para mais nada.
... se me enche a alma desejosa de céu azul e sol. O corpo pesado das núvens que vão e vêm e não vão para não mais voltar. De vez em quando o aroma da terra molhada e noutras um rasgo no céu colorido... o arco-íris. A chuva que não pára de chorar. Estes cinzentos deixam-me vazia, cansada, nostálgica, fria. De cinzentos está a minha alma farta.
"Não quero uma pessoa que desperte o meu lado mau... com esse já eu tenho de lidar todos os dias. Quero alguém que desperte o melhor que há em mim."
(alguém que disse a alguém e esse alguém mo disse... e faz todo o sentido)
… que não consigo, que fujo sempre que posso, que evito ao máximo... ver o telejornal seja em que canal for. É que aquilo perturba-me e eu já tenho coisas suficientes que me tiram o sono. Não consigo... o que é que eu posso fazer? Não consigo e já percebi que não acrescenta nada à minha felicidade (pelo contrário) e que também não me torna uma pessoa mais rica intelectualmente. Não deixo de estar informada sobre que filmes bons andam por aí, as exposições, as peças de teatro, as feiras, eventos, concertos... mas não quero saber que um taxista atropelou não-sei-quantas pessoas porque estava não-sei-o-quê, que o petróleo subiu mais não-sei-quantos cêntimos (isto é praticamente diário), que o Assembleia aprovou mais uma lei que, no meio de tanta coisa para mudar, renovar, refazer, quase não serve para nada a não ser prejudicar quem tem de trabalhar oito horas por dia ou mais independentemente do petróleo subir.
E esta semana eu quase que chorei, eu quase desejei ter nascido outro ser qualquer que não ser humano, ou ter nascido noutro país que não este porque, apesar de evitar sempre falar de assuntos polémicos e possiveis de ferir susceptibilidades (tais como a Política e a Religião), não posso deixar de mostrar a minha indignação e de mandar um grito (silêncioso) aqui e dizer que nós temos o país que merecemos. Na segunda-feira passada não consegui escapar ao telejornal, não consegui evitar levantar a cabeça do prato quando ouvi falar de Fátrima e os seus peregrinos que mal sabiam dizer o porquê de estarem ali, o porquê de deixarem cinquenta euros ou mais numa caixa da qual desconheciam o destino, e que responderam não estarem preocupados com isso aquando da pergunta: “- E sabe para onde vai o dinheiro?” Sócrates deve ter esfregado as mãos quando viu tanta gente... (que adjectivo colocar agora para não ferir susceptibilidades?)... hummm... Sócrates deve ter esfregado as mãos quando viu tanta gente... simples... que concerteza não se importaria de descontar mais cinquenta ou sessenta euros do seu ordenado sem saber para onde iria. Aposto que vais ser a próxima lei a ser aprovada. E pronto... e foi aí que me cairam as lágrimas no prato, que perdi o apetite e disse lá em casa que me recusava a jantar de televisão acesa... isto se quiserem que eu seja uma pessoa mais feliz!!!
Mais do que saber o que não se quer, há que saber o que realmente queremos. E se, eventualmente, aquilo que não se quer é aquilo que se tem...há que não deixar de querer o que ainda não temos.
Eu gostava de ser tanta coisa e de fazer tantas outras... que acho que esta vida não chegaria para tanto.
As palavras têm um coração que pulsa por detrás de cada uma delas. As palavras têm dias... uns dias estão cheias de sentido de humor, são brincalhonas, irónicas, divertidas e outros dias estão tristes, revoltadas, mal-humoradas. As palavras são redondas e grandes quando estão apaixonadas. Ficam pequeninas quando a vida não lhes corre bem. Colocam-se de bicos de pés e ficam maísculas quando revoltadas. Pintam-se de bold quando querem ser ouvidas. Vestem-se de itálico quando é preciso falar de outras palavras. As palavras às vezes encostam-se a um canto, outras vezes são o centro (das atenções) e noutras justificam-se por sim só. São traiçoeiras quase sempre... de infinitas interpretações. São muitas a que são escritas de maneiras diferentes e ditas de maneira igual. São coloridas. As palavras também são torcidas, delicadas, rabiscadas, enroladas, mal-educadas... E as que são mentirosas? Sim, há muitas que são mentirosas, sedutoras, que induzem a erro. As palavras mascaram-se de símbolos. Uma imagem vale por mil palavras... dizem. As palavras também têm vícios e falam outras línguas. Muitas das vezes são esclarecedoras, fazem acordos, evitam e originam guerras. Há as que chamamos de palavras de honra. Sem elas não haveria música nem livros. Não somos nada sem elas e elas nada seriam sem nós. Há um ano que uso e abuso delas neste blog... um ano parece pouco... mas são muitas palavras.
Não gosto quando alguém ma exige quase sob pressão. Odeio-a quando vem disfarçada de sorrisos e perguntas com tom simpático e sem qualquer relevância para qualquer que seja a relação. Dispenso-a quando vem acompanhada de palmadinhas nas costas e moralismos baratos tirados de livros do Paulo Coelho ou da Bíblia (da vida). Gosto quando ma conquistam aos poucos e quando não me arrependo de a ter dado em prol de verdadeiros sentimentos. Dou(-a) devagar, a sério e de corpo e alma. Retiro(-a) toda quando percebo que não passou de um abuso (de confiança). Não sou nem faço questão de ser alguma coisa para quem não a dei nem para quem não a inspira.
leve, saudade dolorosoa, saudade do passado vivido, saudade do passado arrumado, saudade do que já não nos pertence, saudade do que já não nos pertence mas que não foi esquecido, saudade do futuro, saudade de nada nem ninguém, saudade de tudo e de todos, saudade dos sonhos sonhados, saudade dos sonhos conquistados, saudade dos sonhos guardados, saudade do tempo em as horas não passavam, saudade do tempo em que o tempo corria sem darmos conta, saudade da saudade...
... eu acrescento que, independentemente do que se acredita ou em quem se acredita, a fé é necessária para se viver, para se sobreviver, para continuar a acreditar independentemente das perdas, das derrotas, dos fracassos, das tristezas. Se deixarmos de sermos capazes de ver o belo... é mais dificil acordar todos os dias.
Fé
(do Lat. fide, confiança)
s. f.,crença religiosa; crença, convicção em alguém ou alguma coisa; convicção; firmeza na execução de um compromisso; crédito; confiança; intenção; virtude teologal.
O blog do David
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