... beijo, o primeiro namorado, o primeiro amigo(a), o primeiro livro, a primeira compra que fazemos com o nosso ordenado, o primeiro carro, a primeira vez que entregamos o corpo (e a alma), o primeiro filho (calculo porque não sou mãe e, apesar de achar que deve ser sempre uma experiência única, calculo que o primeiro filho deve ser sempre...). Tudo o que nos é novo e para o qual não possuimos experiência e, por conseguinte, não temos defesas, é sempre vivido de forma única, genuína e sincera. Eu que achava que o sentido da vida era tornarmo-nos sábios, melhores como seres humanos, podermos fazer algo para mudar o mundo de dentro para fora, de fora para dentro, amar, semear, dar, receber e morrer maior do que se nasceu... hoje, pelo pouco que vivi, pelo pouco e muito que outros à minha volta vivem e viveram... vacilo. Não sei se coincide apenas com uma fase menos optimista (geral?), se é pura coincidência, se apenas quis acreditar nisso porque me era mais fácil aceitar a efemeridade, se o facto de me estar a nascer o dente do siso e estar com dores do car**** e isto, tal como o nome diz, afecta o nosso juízo (das coisas), não sei se é de estar a chegar à meta dos 30... a verdade é que nós não nos tornamos melhores, nem mais sábios, nem maiores... Não, nós mirramos, nós perdemos cabelo, nós perdemos as formas, nós perdemos amigos, nós perdemos empregos, perdemos sinceridade nos gestos e nas palavras, perdemos sorrisos, perdemos elasticidade, perdemos memória, perdemos vitalidade, perdemos tanto que, estupidamente, ainda nos tornamos mais exigentes, mais selectivos, mais defensivos, mais inseguros, mais desconfiados, mais revoltados... É claro que se ganha sempre qualquer coisa (mal de nós se daqui a 20 anos tivessemos só o que conquistámos até hoje) mas não sei até que ponto o saldo é positivo.
Perguntem a uma criança o que é o amor ou a amizade e vejam como ela responde sem "filtros" e com uma sabedoria(?) tal... perguntem a alguém que tenha passado dos 25 anos e vejam a diferença... Eu só oiço "não sei"... O que sabemos nós então nesta fase da vida? Sabemos ler, sabemos escrever, sabemos contar, sabemos até o que é tirar uma licenciatura, mas não sabemos nada de nada de sentimentos, sentimentos puros, verdadeiros, sem mágoa e sem dor... tal qual uma criança. E alguns, até podem dizer que isso é fruto da experiência e que revela que crescemos, que amadurecemos, que cada vez sabemos mais mesmo que de forma dolorosa às vezes... balelas! Não estamos a crescer... estamos a envelhecer e, não é fácil manter o espírito de criança porque, não há nada como o primeiro... beijo, o primeiro namorado, o primeiro amigo(a), o primeiro livro...
Utente ao telefone:
- Minha Senhora eu precisava muito marcar uma consulta para a Drª...
Eu:
- Neste momento já não temos vaga para a Drª e só vamos começar a marcar no dia 12 de Março para o mês de Abril.
Utente ao telefone:
- Ó minha Senhora... não tem mesmo uma vaga? É que estou à rasquinha das minhas hemorroidas e fissuras!
... quem consegue dar a volta à sua consciência sem a carregar com o peso dos seus actos e ainda elevar a autoestima com a fragilidade dos outros. Há gente que precisa de tão pouco para se sentir tanto(?).
... porque preciso deste blog tal como preciso de um cigarro logo pela manhã, depois do almoço, depois do jantar, depois de um café e depois de fazer (o) amor :)
É com alguma pena e já com alguma saudade que termino este blog.
Um blog que é parte de mim... bem mais do que eu queria que fosse.
Mas por vezes é necessário morrer-se para voltar-se a nascer de novo.
Sou assim, é verdade: radical, teimosa, quero sempre mais e melhor e, quando já não me é possível acreditar no belo da vida e das pessoas, deito no caixote do lixo o que escrevi, esborrato o que pintei, apago números de telefone, rasgo fotos... morro e tento voltar a nascer de novo
Cuspo a mágoa e com ela faço um casúlo, deixo-me lá estar durante algum tempo (o meu tempo de reflexão) até... nascer borboleta da larva.
Vou tentar espremer o melhor do pior desta laranja... fica-se sempre com menos do que se julgava ter mas... junta-se ao resto, ao que já temos, ao que conquistámos e que o tempo e as divergências não deixou apodrecer.
As laranjas que já nascem podres e aquelas que o tempo apodrece vão sempre existir... é por isso que preciso deste meu casúlo... para voltar a ser capaz de aceitar, de acreditar e de ver o que é realmente válido, verdadeiro, genuíno, natural, que vale a pena e... poder voltar a ver o mundo com olhos de borboleta.
(Não posso deixar de agradecer a quem por aqui passou, quem apenas leu, quem leu e comentou, quem despoletou o que escrevi...)
"Há qualquer coisa que se passa entre o momento em que se quer e o momento em que se tem. O que é?"
(Já me tinha questionado sobre isto mas, depois de ter lido aqui... a pergunta não me sai da cabeça)
... as ditas e não sentidas...
... as ditas, sentidas e apagadas...
... as que não foram ditas...
... as que deviam ter sido ditas...
... as escritas e não gravadas...
... as escritas e sublinhadas...
... as escritas e não mostradas...
... as mostradas e não sentidas...
... as sentidas e não demonstradas...
... as não pensadas e as não verdadeiras...
... as não mais ouvidas e as não mais sentidas...
... uns dias amada,
conquistada,
seduzida,
outros... usada!!!
... uns dias pintada,
sorridente,
amiga e disponivel,
outros... cansada!!!
... uns dias apaixonada,
dáda, rendida,
lutadora, sonhadora,
outros... nada!!!
... uns dias mulher...
... outros... quem me dera... menina!!!
... acreditar, queremos tanto ver, queremos tanto superar, queremos tanto aquilo que queremos que... conseguimos. Conseguimos acreditar naquilo que queremos ver, na forma como julgamos que vamos superar e que basta querer para termos. Há é quem, ingénua e/ou estúpida e/ou abençoadamente, consegue acreditar durante muito tempo ou mesmo uma vida inteira e... há quem, de um momento para o outro, ingénua e/ou estúpida e/ou abençoadamente, começa a ver a realidade tal qual como ela é. Que triste é perderem-se tantos sonhos assim!!!
...que me faça rir até me cairem as lágrimas e quando as lágrimas me cairem me faça rir, que troque segredos comigo num café, que me segrede que tem saudades, que me deseje só com o olhar, que troque e discuta livros, filmes e arte comigo, que me mande sms, e-mails e me faça esperas à porta do trabalho e de casa só para me dar um beijo, que me diga: "quero um filho teu", que dance comigo em qualquer lugar e a qualquer hora, que sonhe comigo, que projecte comigo, que lute comigo, que precise do meu cheiro, do meu corpo e da minha alma, que partilhe os amigos, os amigos dos amigos e que abrace o meu mundo, que saiba a minha cor preferida, o meu prato preferido, o meu poeta e pintor preferido sem eu ter que falar, que saiba quase tudo sobre mim e que descubra tantas outras coisas que eu própria desconheço, que divida o duche, a cama, o prato e os talheres comigo, que me chame à razão e me faça voar quando a razão for demais, que me saiba ouvir mesmo quando estou calada, que queira, que faça, que ame, que deseje, que diga, que sinta... hoje, amanhã e depois de amanhã... com a mesma intensidade de ontem, anteontem e antes de anteontem...
Hoje vim no autocarro com a Branca de Neve, no comboio vinha uma bruxa e na rua cruzei-me com o Zorro, o Super Homen e a Carmen Miranda... em ponto pequeno.
O blog do David
Blogs que leio