... foi a primeira amiga de todas as amigas. Foi a menina com quem brincava na rua desde os meus seis anos de idade. Foi a amiga com quem dormi mais vezes. Foi a primeira amiga a quem confidenciei segredos e a primeira de quem guardei segredos. Foi aquela amiga cúmplice das mentirinhas das saídas à noite. Foi aquela amiga com quem troquei as dúvidas da adolescência. Foi aquela amiga com quem fumei o primeiro cigarro. Foi aquela amiga das trocas de roupa, das compras e das férias juntas. Foi aquela amiga dos copos. Foi aquela amiga das discuções filosóficas e das dúvidas existênciais. Foi aquela amiga das lágrimas de dor, de amor, de injustiça e de tanto rir. Foi aquela amiga com quem se imagina o futuro e se faz projectos e se "combina" casar no mesmo dia. Foi aquela amiga das conversas até de madrugada e com quem se faz esparguete às três da manhã só porque sim ou se abre uma lata de leite condensado sem ninguém saber. Foi aquela amiga de quem se tem fotos de todos os aniversários. Foi aquela menina, que juntamente comigo cresceu e se tornou mulher... umas vezes mais perto... outras vezes a kilómetros de distância... foi e será sempre a melhor amiga por tudo o que acima escrevi e não escrevi (porque há coisas que fazem tão parte de nós que não há palavras que as descrevam). Foi e é aquela amiga que liga de longe, muito longe só para nos dizer: "- Vou ser mãe!" - e não conseguimos conter as lágrimas... e lembrar que um dia, lá muito atrás, saltávamos à corda, jogávamos ao bate-pé e os sonhos não nos cabiam nas mãos.
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